sexta-feira, 5 de setembro de 2014

De mãos dadas com Marina, Globo se esquece do próprio umbigo

Foto: Roberto Stuckert Filho/PR


Por Pedro Muxfeldt


Nos últimos dias, a candidata Marina Silva abriu uma nova frente de ataques à presidenta Dilma Rousseff. Ao confrontar a petista, Marina vem batendo na tecla de que Dilma, ao fazer a defesa dos governos do PT, não admite os erros cometidos em sua gestão, especialmente no campo econômico.

A tática começou a ser empregada no debate entre os presidenciáveis no SBT, na última terça-feira, e rapidamente foi encampada pela grande mídia que, ainda mantendo algumas ressalvas, deixou Aécio Neves de lado e aposta na candidata do PSB como principal esperança para derrotar o petismo.

O uso da estratégia ficou evidente na manchete de ontem de O Globo, em que o jornal dá grande destaque para a fala de Dilma sobre possíveis alterações na equipe ministerial em caso de um segundo mandato.

Ao associar o comentário a outro feito pela presidenta, que afirmou estar insatisfeita com o baixo desempenho da indústria, o jornal dá a entender que há membros do governo que não tiveram o trabalho aprovado pelo Planalto. Nessa conta, logicamente, estaria incluído o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que há anos a mídia tenta retirar do posto.

Antes do impresso, a TV Globo já havia iniciado as ações. Uma das perguntas que seriam feitas à Dilma pelos apresentadores do Jornal da Globo - a presidenta recusou convite de entrevista do telejornal na terça - questionava até quando ela culparia a crise internacional pelo fraco desempenho da economia brasileira, deixando implícito o julgamento da empresa de que ela tem culpa no tempa e teima em não assumir.

Se a postura de Marina é compreensível dentro do perfil de líder ponderada que ela tenta vender aos eleitores, a posição adotada pelas Organizações Globo é de uma desfaçatez quase comovente.

Autocrítica é algo que inexiste na Globo. Para confessar que errou ao apoiar o golpe de 1964, foram necessários protestos massivos nas ruas e o transcurso de 49 anos. Além disso, lá se vão 30 anos sem admitir a cobertura pífia da campanha pelas Diretas e 25 da edição canalha do debate entre Lula e Collor. A verdade é que a Globo, mais uma vez na ânsia de atacar o governo, esqueceu de olhar para o seu próprio umbigo, que está para lá de sujo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário